06 abril, 2011

O teu silêncio vale mil palavras #5

Como é possível alguém ser tão querido? Pensei enquanto corava com o que ele me tinha acabado de dizer, ele também estava a corar.
E tão depressa como começou, a chuva parou.
- Parece que a chuva interminável já se foi Yue – disse Jude numa voz envergonhada.
- Infelizmente – disse eu baixo o suficiente para ele não me ouvir.
Peguei no telemóvel para ver as horas.
- Oh meu deus são 19h30 a minha mãe vai matar-me!
- Já é tão tarde? E eu que devia estar de volta à instituição às 19! – pela primeira vez ele parecia estar tão surpreso como eu estava.
- Achas que elas te vão aplicar algum tipo de castigo por chegares tarde? – disse realmente preocupada, nunca tinha percebido como as instituições funcionavam.
Ele riu-se e eu fiquei a olhar para ele como se fosse parvinha, ora porque raio estava ele a rir-se?
- Desculpa Yue, não me pude conter, acho que andas a ver muitos filmes – senti-me corar ainda mais quando ele disse isto – elas não me vão aplicar nenhum tipo de castigo, eu tenho um “currículo” imaculado, o mais certo é receber apenas uma reprimenda.
- Eu não tenho culpa de não saber como é que a tua instituição funciona sabias? – estava a fazer um sério caso de beicinho.
- Ora, eu sei, e ainda bem que não sabes, mas eu ensino-te, um dia até te posso levar lá para conheceres toda a gente.
- Está bem, mas não hoje – mudei o meu tom de voz para brincalhão, peguei-lhe na mão e comecei a encaminhá-lo – Anda lá senhor eu porto-me sempre bem, vamos para casa.
Ele mesmo atrasado fez questão de me levar a maior parte do caminho, até que eu ganhei a nossa discussão e disse-lhe para dar meia volta para não piorar a situação dele e ir para a instituição.
Não me queria despedir dele mas tinha de ser – Vejo-te amanhã na escola.
- Estarei ansioso por te voltar a ver minha Yue – pegou-me na mão e beijo-a, virou costas e foi-se embora.
Não queria acreditar que isto tinha acabado de acontecer, como é que rapazes como aquele ainda existiam?
Entrei em casa e disse muito alto – Olá mãe! – olhei para a fotografia do meu pai que se encontrava no hall e mais baixo disse – Boa tarde paizinho.
- Onde é que tinhas metido Joana? Sabes o quão preocupada estava contigo? Porque é que não disseste nada? – ela parecia mais preocupada que chateada.
- Desculpa mãe, não dei pelo tempo passar e quando vi as horas não disse nada porque vim logo a correr para aqui – quer dizer, não é que viesse realmente a correr mas a primeira parte era verdade.
- Nunca mais me faças nenhuma dessas outra vez!
- Sim mãe. – parece que não havia castigo para mim, ora toma lá senhor bonzinho não és o único sortudo, pensei para comigo mesma e comecei a sorrir.
A noite passou-se como tantas outras, jantámos, conversámos sobre a escola e o trabalho eu fui para o computador acabar uns trabalhos e a minha mãe para o dela fazer os seus. Quando a hora de dormir chegou fiz o mesmo de sempre, lavei os dentes, pus o pijama, o telemóvel na mesa-de-cabeceira e fui dar um grande beijo à minha mãe e desejar-lhe boa noite. Adormecei quase imediatamente, estava cansada por isso não era uma grande surpresa, a surpresa só veio quando comecei a sonhar.
Reconhecia aquele lugar, estava em frente a uma loja, num bairro com uma fama não muito agradável, era o sitio onde antes morava, a confusão era geral, a loja em frente estava a ser assaltada e a policia ainda não tinha chegado. Eu sei o que vai acontecer a seguir e não quero sobre com isto quero acordar consegui pensar no meu próprio sonho, mas como de todas as outras vezes que sonhava sabia que não podia fazer nada, que ia viver tudo outra vez até ao fim. Vi os assaltantes a saírem da loja, peguei no telemóvel para ligar à policia e gritei para que as pessoas mais próximas tivessem cuidado. Vi o assaltante a pegar na arma e apontar directamente para mim e disparar e vi o meu pai a meter-se à minha frente, vi tudo muito claro e vi o meu pai a esvair-se em sangue devido à bala que tinha levado por mim, vi tudo, vi-o morrer outra vez…
Acordei sem ar e a chorar, como se me tivessem arrancado o coração e a alma. Outra vez não pensei por favor faz com que isto pare.
Olhei para o relógio, eram cinco da manhã e de repente o meu telemóvel tocou, era uma mensagem. Desbloquei-o e vi de quem era, era do Jude… O que teria acontecido para me mandar uma mensagem a estas horas? Com algum medo abri a mensagem, só dizia:
- Está tudo bem?
Inventado, continua

14 comentários:

  1. naquele caso, é mesmo dos patins :D

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  2. - é o que estudo no meu curso, criminologia.
    sim, mas não é assim tão simples querida, tenho que me guiar por artigos do código penal e explicar tudo x:

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  3. - realmente xD
    sim, é bastante complicado x:

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  4. Gostei mesmo muito.
    Tipo ela é de Ermesinde, e eu de Espinho, e eu nunca vou lá nem ela cá, nos conhecemonos por causa do meu melhor amigo, eles são da mesma turma. A minha mae nao me deixava lá ir e o pai dela nao a deixava cá vir, entao eu fugi para estar com ela, mas felizmente na sexta vou passar o dia com ela sem ter medo que me vejam ou que me voltem a encontrar

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  5. ei que mal, o disco rigido :c, querida, hoje nao tive tempo para ler este post, eu gsoto mto de ler esta history com calma por isso dps leio e dps comento (:

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  6. Ai meu deus esse pesadelo foi terrivel ainda bem que foi apenas um pesadelo.
    a historia como sempre linda eu votei na enquete para ter 14 partes realmente virei fã.

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  7. sim, claro. não gosto de ter saudades, mesmo que muitas das vezes nos mostrem o valor das coisas.

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  8. as minhas já acabaram, há trinta minutos xD.
    primeiro é a primavera, mas é quase a mesma coisa :p

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  9. está mm lindo, joo, adorei a parte do fim, o Jude parece que adivinhou que a Yue nao estava mto bem, mas aquela parte do sonho deixou-me preocupada, dsc eu tenho que o prg, mas o teu pai esta cntg, certo ? ;o (dsc)

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  10. Não, é ela que é muito protectora, ainda acha que tenho 5 anos

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  11. Joana, está lindo. LINDO, LINDO, LINDO. Até sou capaz de admitir que chorei *.*

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