29 maio, 2011

O teu silêncio vale mil palavras #8

Sentia-me como que adormecida, como se já pudesse sentir, creio que a palavra mais certa seria apática. As vozes que passavam naqueles corredores cheios de pessoas com pressa de apanhar os seus aviões pareciam muito distantes.
- Joana, amiga, são quase horas de almoço está a ficar tarde devíamos ir andando. – Ouvi a Mary dizzer-me ao ouvido muito pausadamente.
- Ah, sim, vamos então. – Disse.
Levantamo-nos sem trocar mais nenhuma palavra, saímos do aeroporto a Mary, que tinha trazido o carro, guiou até à baixa para irmos comer algo.
- Mary, eu realmente não tenho qualquer apetite.
- Oh eu não quero saber, conheço-te bem o suficiente para saber que ainda não comes-te nada e esse é o teu preferido por toca a comer! – Ela sabia ser mais insistente que a minha mãe quando queria.
Fingi que comia enquanto a Mary devorava o seu almoço, nada a abalava e por um momento desejei ser tal e qual a minha melhor amiga.
- Bem agora quero mostrar-te um sítio lindo onde vou quando estou triste. – Disse a Mary com um dos seus sorrisos.
- Tu ficas triste? – Sorri-lhe, a piada saiu-me naturalmente e senti-me um pouco melhor, um dos sintomas de ter uma amiga como a Mary é saber que com ela nos podemos sempre sentir um pouco mais leves.
- Engraçadinha sim senhor, põe-te masé no carro antes que eu decida que vais do lado de fora com uma corda atada ao pescoço.
Ela conduziu e conduziu até que eu perdi o rasto de onde estaria, mas suponha que bem longe e isso era só o que eu precisava.
Chegámos a um belíssimo prado onde se podia ver todos os girassóis a brilhar e as margaridas a chegar ao seu estado mais bonito, havia também uns bancos feitos de um modo tosco. Sem dúvida um dos sítios mais belos que alguma vez vira.
- Onde é que me trouxeste? – Perguntei.
- O sitio não interessa, sei que aqui podes sempre por as ideias em ordem. – Respondeu a Mary muito simplesmente.
- É maravilhoso.
- Porque é que achas que te trouxe? Anda vamos sentar-nos. – Apontou para um dos bancos.
Seguia e sentei-me, ficámos ali talvez horas mas o tempo não importava aquilo era um sitio onde o tempo ou as pessoas não pareciam sequer existir. Até que me ouvi a mim própria perguntar em voz alta uma das muitas questões que me passavam pela cabeça.
- Achas que ele a esta horas já está na Rússia? – Olhei-a nos olhos.
- Hum, não sei, não faço a mínima ideia do tempo que levará daqui lá. – Respondeu-me ela.
- Pois tens razão, mas quem se importa. – Desfitei-a e encostei-me ao banco a olhar para o céu.
- Tu, tu importas-te com ele e eu contigo por isso acho que todos nos importamos.
- Sabes, de certa maneira, ele é a pessoa mais importante da minha vida. Estranho, não é? Conheço-o à tão pouco tempo e já gosto tanto dele. Nem sequer lhe contei do meu pai quando ele me contou de tudo na sua vida e agora deixo-o partir, assim sem saber nada de nada. – Comecei a divagar mais para comigo do que para com ela.
- Julgo que o tempo a que o conheces não importa, as coisas boas levam o seu tempo mas as coisas realmente maravilhosas acontecem num piscar de olhos. E suponho que não lhe contas-te porque não querias que ele soubesse de mais tristezas para além das suas. E se queres a minha humilde opinião formada na maneira de como te conheço não me parece que sejas rapariga para o deixar escapar assim, sei que este rapaz pode ser o “tal” para ti, não me perguntes porque mas é o que sinto. Acho que vocês são feitos um para o outro, eu vi-o no aeroporto, de certeza melhor que tu porque estava perto dele e ele estava destroçado como nunca tinha visto ninguém estar e apesar de eu não o conhecer tenho a certeza que és a “tal” para ele, mas que ele provavelmente não fará nada porque acha que mereces melhor e não te quer levar para aquele tipo de “batalha”. Mas conheço-te, és a melhor amiga que alguém pode ter mas também és teimosa como uma mula e por muito que tu queiras desistir, oh, acredita Joana eu não vou deixar nem que me tenha de te por num pacote num avião para a Rússia! – Ela olhava-me nos olhos com uma intensidade tal como eu nunca tinha visto.
- Desde quando ficas-te tão esperta? – Sorri-lhe, tinha a sorte de alguém tão especial como a Mary ao meu lado.
- Deves pensar que durante este tempo não me ensinas-te nada. – Deitou-me a língua de fora e sorriu-me.
Fomos para o carro, a Mary abriu a capota e fomos a rir e a apreciar o sol abrasador que se tinha posto de volta ao lugar onde nada tinha mudado.

17 comentários:

  1. Adorei mesmo!
    Claro que não querida :)

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  2. pois, mas é agora que eu precidso dela! mais tarde, quando tudo estiver mais claro como tu dizes, talvez eu já nao precise tanto dela como agora :x

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  3. às vezes gostava que os meus amigos me compreendessem sem eu ter que dizer nada. com um simples silêncio e mudança de atitudes... mas nada :s pois, talvez volte tudo um dia, mas nesse dia talvez eu já nao queria

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  4. sim é, verdade. mas também não pode ser tudo igual querida ;)
    e gostei mesmo*

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  5. Essa mesma Joo, é muito triste e dificil.
    Desculpa por toda esta ausensia
    ass: Joana Moreira (desculpa mandar em anonimo, mas não consigo mandar comentários)

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  6. se fossem mesmo verdadeiros, neste momento, estavam aqui comigo. pelo menos, eu penso assim

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  7. Ainda acho triste os dois separados :(
    Obrigada por me avisar sobre o problema no Just My tentei arrumar mas não consegui então agora os comentarios são abrindo outra janela.

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  8. Bem, para mim este é o menos bom de todos os texto, mas isso também deve-se se calhar ao facto de eles estarem separados. No entanto, também está muito bom como os outros. Não posso é dizer que amo ou adoro como os outros. Gosto apenas, espero que não leves a mal a minha critica Joo, mas espero a continuação e que eles vivam felizes para sempre :)

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