08 maio, 2011

O teu silêncio vale mil palavras #7

O quê? Mas o Mundo ficou louco? Eles não podem fazer isso! Era tudo o que conseguia pensar, não queria acreditar no que ele me tinha acabado de dizer e podia sentir as lágrimas a aflorarem-me nos olhos, mas não, eu não podia chorar, ora bolas eu nem triste podia ficar, pelo menos não na frente dele, finalmente ele ia ganhar uma família não podia tirar-lhe isso mostrando o quão infeliz estava. Por isso, e como faço em todas as situações em que tenho de me aguentar e não pensar, disse a primeira coisa que me veio à cabeça e, é claro, que também era a mais parva.
- Ora bolas ouvi dizer que o tempo lá é tramado – Ouvi-me a mim própria a dizer.
- Yue…- Ele tinha ar de quem tinha percebido e que me estava prestes a abraçar, mas eu não podia segurar mais as lágrimas, se ele me agarra-se só ia parar quando ele me disse-se que era tudo um pesadelo horrível.
- Desculpa Jude, tenho de ir à casa de banho antes da aula e já tocou. – Virei costas e fiz todos os possíveis para não me virar e não o abraçar e nunca o largar, por isso, comecei quase a correr para a casa de banho.
Quando cheguei lá meti-me dentro de um dos cubículos e deixei tudo sair, lavei a cara esperei um pouco para que os meus olhos deixassem de estar tão vermelhos e encaminhei-me para a aula.
Bati à porta e sem por uma resposta entrei.
- Desculpe o atraso stôra. – Disse calmamente, para que a voz não me falhasse.
- À menina Joana, vejo que finalmente nos dá a honra da sua companhia. – Disse a professora Marília na sua vozinha aguda e irritante.
Limitei-me a sentar-me junto da Mary, não estava com disposição para argumentar com aquela professora horrorosa.
- Bem, o que é que se passou? Chegas-te mesmo atrasada, não me digas que ele “acabou” contigo? Amiga se foi isso ele nunca te mereceu – Disse-me rapidamente a Mary muito baixinho, mas antes que lhe pudesse responder a professora continuou a falar.
- Tal como eu ia dizendo antes de a Joana nos interromper, o Jude vai deixar-nos, partirá amanhã para Moscovo, que como deveriam saber é a capital da Rússia, por isso amanhã quem quiser pode ir connosco, professores, até ao aeroporto para dizer adeus.
- Ora bolas. – Ouvi a Mary dizer, depois disso, desliguei.
Cheguei a casa irreconhecível, sentia-me 30 anos mais velha e sem forças, não jantei e fui directamente para a cama. Amanhã ele vai partir para sempre, foi este o meu último pensamento antes de adormecer.
Levantei-me cedo e disse à minha mãe que ia ao aeroporto despedir-me de um amigo que comia pelo o caminho, menti não tinha forças para isso.
Ao chegar vi lá toda a gente da nossa turma e por isso meti-me num canto onde eles não me pudessem ver, mas onde eu os visse perfeitamente, não fazia intenções de me aproximar mandei uma mensagem à Mary para que viesse ter comigo mas que não desse nas vistas. Via aproximar-se.
- Não sabia quando disse aquilo tudo ontem… Como é que te sentes? Que raio de pergunta, mas porque que não vais ter com o resto da turma o Jude está a chegar…
- Eu não vou lá despedir-me dele e não quero que ele saiba que aqui estou. – Disse mais determinada.
- Mas…
- Mas nada Mary, por favor faz isso por mim, vai ter com eles mas não digas nada, entrega-lhe apenas este papel e diz-lhe que não pude vir – Dei-lhe o pequeno papel que tinha escrito à pressa. – Vai.
- Se queres mesmo – Vi toda a tristeza no seu olhar mas sabia que o que estava a fazer era pelo melhor.
O Jude chegou, bem como os seus novos pais vi toda a gente a cumprimentá-lo a desejar-lhe um bom futuro, ora bolas até vi raparigas a chorar, mas eu sabia que não choravam do fundo do coração, oh por favor nem o conheciam a sério. Mas ainda o vi ele como um louco à minha procura e vi a Mary a dizer-lhe exactamente tudo o que eu lhe tinha dito e a entregar-lhe o meu papel. Vi-o a abrir e quase poderia estar no pensamento dele quando ele leu o que dizia:
Mesmo na Rússia não vais estar sozinho. És um num milhão.
Chegou a altura de fazer o check-in e todos se vieram embora, menos a Mary que veio directa ao lugar onde eu estava, não disse nada e sentou-se. Ficámos a observar enquanto esperavam pelo sinal para entrar para o avião e eu podia jurar que ele, enquanto as lágrimas lhe caiam dos olhos, continuava à minha procura. Vi-o a ir lentamente para dentro e quando isto aconteceu-me aproximei-me do vidro que dava para ver a partida dos aviões e vi o dele partir, encostei-me ao ombro da Mary e fiquei ali uma hora a chorar depois de ele já ter partido. Tinha-o deixado ir sem nunca lhe dizer o que sentia por ele.
Inventado.
Continua.

21 comentários:

  1. adorei querida, gostei mesmoo * :)

    ResponderEliminar
  2. tens imensa razão querida :)
    mas qual é o texto que seja escrito por ti que não goste? :)

    ResponderEliminar
  3. nada disso, aqui o que importa não é que o texto esteja muito elaborado, mas sim que seja feito com o coração :)

    ResponderEliminar
  4. pois é. mas com o tempo aprendi a nao ligar tanto ao que as outras pessoas dizem, claro que guardo os conselhos delas e isso mas eu tenho é que seguir o que o meu coração diz!

    ResponderEliminar
  5. toma atenção querida, aqui não interessa que os outros gostem. interessa é que gostes de escrever.
    honestamente, eu sinto-me feliz por muita gente me dizer que tenho jeito para escrita, sinto-me feliz realmente. mas o que valorizo mais , é o meu gosto em escrever, e mesmo que haja gente que não goste, eu não vou querer saber.
    acreditas que uma vez recebi uma grande crítica de uma Ana qualquer porque escrevi uma coisa no "Chama-se Paixão" que ainda por cima era tudo inventado? eu nem quis saber, apaguei e pus a andar que não estava para ler o testamento dela.

    ResponderEliminar
  6. Não, porque houve numa parte em que ela criticou as pessoas do campo e a menina era do campo e começou a chamar-me imensos nomes, entendes? e é porque no final do texto estava escrito "isto é tudo inventado"; não deve ter lido, pensou ainda em comentar sem chegar ao final, mas honestamente eu nem quis saber, pois a ignorância é muita, pelo menos da parte dela.
    só tens é que escrever porque tu és um dos meus blog's preferidos, adoro mesmo ler os teus post's :)

    ResponderEliminar
  7. É mesmo Joo
    Eu estou a chorar, fiquei mesmo emocionada, está lindo, muito lindo mesmo.
    Olha Joo a sério desculpa este meu afastamente de tudo isto

    ResponderEliminar
  8. sei que devemos saber respeitar as opiniões, mas eu naquele momento não estava para ouvir uma crítica daquelas quando era inventado. porque eu até vivo no alentejo mesmo assim no meio de campo (não é mesmo campo, mas há zonas que ás vezes ando por lá) e sei o que é isto que por acaso, é muito bom!
    sabes bem querida, eu leio imenso os teus post's :)

    ResponderEliminar
  9. é verdade querida, é verdade.
    Obrigada eu, apenas disse aquilo que sinto*
    e sim, percebi o que quiseste dizer :)

    ResponderEliminar
  10. A minha avó era tudo na minha vida, e vai ser sempre ser, é impossivel esquecer alguem que fez tanto por mim, e sabes que tem muito dificil porque o meu avô, marido desta mesma avó, faleceu ano passado, e ainda so vai fazer um ano e acaba por ser muito marcante.
    Eu acabei por criar o outro blog até

    ResponderEliminar
  11. Que triste :( continua, cada vez melhor.

    ResponderEliminar
  12. acredita que ele um dia vai aparecer ;
    esta mt lindo lindo joo, espero que aconteça alguma coisa de errado para ele voltar para junto dela, mm que ele dp fique sem familia. Acho que qnd continuares podias faze-lo voltar e arranjar uma familia onde mora a Yue, era mt mais simples para ambos e ai ela podia dizer-lhe o que sente, ela nnc o vai esquecer nem ele a ela, e ainda bem, é mm real o amor deles ((:

    ResponderEliminar
  13. a serio, ele vais parecer, se acreditares que isso um dia pode e vai acontecer acaba mm por se tornar realidade; mas ele tem que voltar para junto dela, é esse o lugar certo dele, sem duvida.

    ResponderEliminar
  14. Está lindo Joo, chorei. Choro sempre. Eles não se podem separar. Ela tem que ir à Rússia atrás dele. Ou ele voltar. Alguma coisa please *.*

    ResponderEliminar